É oficial: São Paulo está passando pela maior seca de sua história. De acordo com um levantamento feito pelo jornal O Estado de S. Paulo, com base em dados oficiais da Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo), empresa que fornece água para 364 das 645 cidades paulistas, desde maio de 2013, o Sistema Cantareira, responsável por abastecer quase 9 milhões de pessoas na Grande São Paulo, perde mais água do que recebe. A expectativa do governo estadual é que os níveis do sistema, mesmo baixos, consigam abastecer a população até março de 2015. No entanto, a Agência Nacional de Águas (ANA) é menos otimista ao garantir que as represas duram até novembro.
Por isso, está mais do que na hora de a sua família inteira abrir os olhos para essa situação. Se você ainda não conversou com o seu filho sobre a importância de preservar a água do planeta, agora é um bom momento. De acordo com a psicopedagoga Quézia Bombonato, da Associação Brasileira de Psicopedagogia (ABPp), nunca é cedo para trabalhar noções de sustentabilidade com a criança, desde que se use explicações que façam parte do universo dela. “Água não vem do céu, como muitas pensam. Então, uma boa dica para começar essa conversa é explicar o ciclo da água, o que é uma represa e como essa água chega a nossa casa. Pode ser por meio de desenhos se você achar mais fácil. Outra boa maneira de facilitar a explicação é mostrar o que está acontecendo, ou seja, fazer um passeio pela represa de Guarapiranga, por exemplo”.
Os livros infantis, como Ônibus Mágico no Caminho das Águas, de Joana Cole, eDeságua, de Christelle Huet-Gomez e Emmanuelle Houaiss, desenhos animados (alguns você encontra no YouTube) e gibis que falam sobre sustentabilidade ajudam o seu filho a se envolver ainda mais com o assunto.
Você já deve ter notado como o seu filho adora falar sobre tudo o que aprendeu com os professores, ainda mais se estiver relacionado ao meio ambiente. “Muitas crianças se sentem naturalmente ligadas ao tema e, em alguns casos, são elas quem ensinam os pais, que devem aproveitar para trabalhar valores sociais”, diz a psicopedagoga. Se a escola do seu filho ainda não trouxe a discussão ambiental para a pauta, vale uma conversa com a coordenação e com os outros pais para achar a melhor maneira de criar ações que envolvam todos.
Só não se esqueça de que sozinha a palavra não tem força. Isso quer dizer que não adianta você explicar toda a situação da água ao seu filho se isso não vier acompanhado de uma mudança de atitude de toda a família. Os velhos hábitos, como deixar a torneira aberta enquanto escova os dentes ou “varrer” o quintal com a mangueira, devem ser substituídos imediatamente. O planeta onde seu filho vai viver agradece.
E nada como começar a tomar medidas simples. É aquela velha história: se cada um fizer sua parte, o planeta dura mais. Para levantar as dicas, CRESCER consultou a Sabesp e conversou com o consultor Paulo Costa, diretor da H2C, empresa responsável por desenvolver projetos de racionalização de consumo de água. Veja a seguir:
Banheiro
Um dos maiores pontos de escape de água está no banheiro, mais especificamente na hora do banho. Dependendo da potência, a vazão de água dos chuveiros variam de 8 até 45 litros por minuto, o que multiplicado pelo tempo que todos da sua casa permanecem embaixo deles forma um gasto assustador! Por isso, a Sabesp recomenda banhos mais curtos, com duração de, no máximo, 5 minutos. “Quando não for lavar os cabelos, a pessoa pode optar pela ducha manual, que consome menos água, cerca de 5 litros por minuto”, ensina Costa. “Banheira também é uma opção porque você fica limitado à capacidade dela. Desde que as pessoas não demorem nem dois minutos para se enxaguar na ducha depois.”
Em dias de muito calor, experimente fechar a torneira enquanto se ensaboa, o que evita que a água fique correndo sem necessidade. Seguindo a mesma linha, ensine ao seu filho que é importante manter a torneira fechada enquanto escova os dentes. Para os homens que precisam fazer a barba com frequência, a dica é substituir a água corrente por um copo d’água, o que garante a troca de até 40 litros por minuto (dependendo da vazão de uma torneira normal) por cerca de 500 mls.
Cozinha
O seu filho pediu um lanchinho, você cortou o queijo com a faca e logo vai lavá-la na pia. E os restos de molho vermelho que ficam no prato? A água, sem dúvida, ajuda a tirar. Porém, nenhuma dessas alternativas são sustentáveis. O consultor da H2C explica que, quando uma pessoa lava louça durante dez minutos, está gastando algo em torno de 140 litros de água. Para contornar a situação é simples: “Pegue duas bacias com dois litros de água em cada. Na primeira, dilua o detergente e mergulhe a louça dentro. A segunda serve para enxaguar. Para tirar os restos de comida que ficam nos utensílios, utilize um papel-toalha. Com 4 litros de água, você consegue limpar panelas, pratos e copos de uma família de quatro pessoas”, diz Costa.
Outra sugestão é lavar a louça uma ou duas vezes por dia, no máximo. Por mais que incomode olhar para a pia cheia, espere para juntar a louça do café da manhã com a do almoço para lavar tudo de uma vez.
Lavanderia
As roupas também podem esperar para serem lavadas quando formarem uma pilha considerável. O ideal é que a máquina de lavar roupa trabalhe apenas uma ou duas vezes na semana. Outra maneira de economizar é utilizar o ciclo correto (está tudo no manual!) para o tipo e quantidade de roupa. Se você colocou para lavar apenas peças que você utilizou em casa ou dentro do escritório, dois ciclos bastam para ter a roupa limpa. Para economizar ainda mais, a Sabesp aconselha a reutilização da água da máquina para lavar quintais e calçadas.
Quintal
Por mais absurdo que isso ainda possa parecer, não é difícil encontrar pessoas usando a mangueira com água para limpar a calçada de casa. Além de uma prática desnecessária, é uma atitude completamente egoísta. Para manter as áreas externas limpas, uma vassoura resolve muito bem. Se há necessidade de combater o odor de xixi de cachorro, utilize água de reuso.