Também chamado de cultura popular tradicional, o folclore é o conjunto de práticas, histórias, tradições e formas de pensar que pertence a um determinado povo, foi disseminado oralmente e resistiu ao tempo. Todos os grupos sociais, de qualquer lugar do mundo, independentemente do seu nível de desenvolvimento, têm seu repertório de práticas populares.
As clássicas histórias dos mitos brasileiros – como o saci, o curupira, o boitatá – são recontadas há anos. Elas chamam atenção das crianças, despertando curiosidade e também provocando reflexão. Não raro, provocam medo. “Assim como os contos de fadas, onde há personagens bons e ruins, o folclore provoca diversos tipos de sentimentos. Aos poucos, as crianças aprendem a lidar com essas emoções, faz parte do processo de amadurecimento”, explica a coordenadora pedagógica da EPCO Cidinha Côrrea. É o que mostra, por exemplo, o best-seller dos psicanalistas Diana e Mário Corso, de Porto Alegre, chamado Fadas no Divã. Para os autores, as histórias obviamente não garantem felicidade nem o sucesso na vida, mas ajudam! Como? “Elas são como exemplos, metáforas que ilustram diferentes modos de pensar e ver a realidade e, quanto mais variadas e extraordinárias forem as situações que elas contam, mais se ampliará a gama de abordagens possíveis para os problemas que nos afligem”, disseram em entrevista à revista Época. Uma mente mais rica, de acordo com os autores, possibilita que sejamos flexíveis emocionalmente, capazes de reagir melhor a situações difíceis, assim como criar soluções para nossos impasses. E isso vale tanto para as crianças, quanto para os adultos!
Claro que é importante que sejam contextualizadas para ampliar a compreensão dos pequenos. Na lenda do saci, por exemplo, pode-se explicar que o personagem arteiro, que vive aprontando travessuras, surgiu da necessidade das pessoas de justificar uma distração ou arrumar um culpado para uma determinada situação.
Além dos contos famosos, vale reunir as crianças e contar histórias de família, falar das brincadeiras da infância dos mais velhos, reproduzir quadrinhas e brincar de adivinhas. É dessa forma que esse tipo de saber se propaga e criamos espaço para a convivência.
“Contar histórias é repartir amor, demonstrar carinho e interesse por aquela pessoa. Ninguém conta uma história para quem não gosta”, completa Alberto Ikeda, professor de cultura popular e etnomusicologia da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (Unesp).
Com informações de: Educar para Crescer