Se compartilhar é difícil para os adultos, imagine para as crianças. Acontece o apego faz parte do nosso instinto de preservação, queremos preservar o que é nosso, afinal. Para os pequenos, a tarefa se torna mais complicada ainda, uma vez que compartilhar exige habilidades que eles ainda estão aprendendo: empatia, solidariedade, tolerância. Essa consciência está relacionada ao desenvolvimento físico e emocional deles e só começa a surgir, de fato, por volta dos 6 anos de idade. O que não significa, claro, que os pais e a escola não podem incentivar as crianças a dividir os objetos, mesmo antes de elas entenderem a verdadeira importância desse gesto.
Na EPCO, a coletividade é um valor levado a sério. “Logicamente que respeitamos a individualidade de cada um: toda criança cresce e se desenvolve num ritmo próprio. Ensinamos às crianças, desde cedo, que elas devem respeitar o amigo, levando isso em consideração. Por outro lado, elas também precisam entender que dividir faz parte da vida em sociedade”, resume a coordenadora pedagógica da EPCO Cidinha Correa. E como colocar isso em prática no dia a dia? Com pequenas ações, estimulando-as, por exemplo, a esperar a vez no playground, a trocar o lanche com o amigo, a dividir o brinquedo… O compartilhamento do material escolar, prática comum nas escolas de educação infantil, também é motivado por essa ideia. “Ele torna as tarefas do dia a dia mais práticas, já que utilizamos inúmeros materiais diferentes em todas as atividades, dentro e fora de classe. Entretanto, ao incentivar esse compartilhamento também promovemos o hábito de dividir”, completa Cidinha.
Não devemos, seja na escola ou em casa, brigar com a criança que reluta em dividir. Trata-se de um processo gradual, ou seja, ela vai aprender um pouco mais a cada dia de troca, de brincadeira, de convivência. Pois compartilhar vai além do emprestar algo, implica também aprender a se colocar no lugar do outro. Uma lição de cidadania para toda a vida, não é mesmo?