Quando os pais se propõem a fazer rodízio entre si para buscar e levar as crianças à escola ou mesmo quando se oferecem para dar carona para os coleguinhas de classe dos filhos, os ganhos são múltiplos. Economizam-se os gastos com o transporte, os filhos passam menos tempo no trajeto do que se estivessem em uma van escolar e a cidade também lucra com o menor número de carros em circulação.

No entanto, é preciso que os responsáveis pela direção estejam atentos a uma série de regras de segurança e de comportamento para que a carona solidária não se transforme em um problema. Se transportar os seus filhos no carro já exige muita atenção, levar as crianças de outros pais pede cuidados redobrados. Confira as dicas para organizar a carona solidária com outros pais:

Quais as vantagens da carona solidária?

Entre outras vantagens, a chamada carona solidária representa uma alternativa econômica de transporte, já que é mais barata do que contratar uma van escolar ou mesmo do que tirar o carro da garagem todos os dias para ir até o colégio, gastando tempo e combustível. Outro benefício é para as próprias crianças, que passam no carro menos tempo no trajeto em relação ao tempo gasto na van escolar – que para de casa em casa – ou no transporte público. E estar junto com um amigo no carro é também uma boa oportunidade de exercer o convívio social.

O revezamento é ainda um grande aliado do meio ambiente: em vez de vários carros circulando com poucos passageiros, a cidade fica com um número menor de veículos com mais passageiros, reduzindo os congestionamentos e melhorando a qualidade do ar. Estima-se que cada litro de gasolina gasto por um carro representa a emissão de 1,82 kg de gás carbônico (CO2). Quem percorre 10 quilômetros no trajeto de casa até a escola, por exemplo, terá jogado no ar cerca de uma tonelada desse gás ao final de um ano.

Como acertar os detalhes do rodízio?

Antes de iniciar o esquema de carona solidária, o ideal é conhecer e conversar com os pais das outras crianças. “Todo cuidado com o filho do outro é pouco. Por isso, quando se trata dessa questão de transporte, é necessário ter antes muita conversa e muita negociação, para que nada fique no ar e todas as regras sejam bem definidas”, diz Cesar Marconi, diretor pedagógico do Colégio Mary Ward, de São Paulo.

Além de estarem de acordo sobre as regras de segurança, os pais precisam se acertar sobre como agir em casos como quando o filho do outro desobedece ou não se comporta bem dentro do carro. É ainda fundamental combinar e respeitar com pontualidade os horários de saída e de chegada. “Os pais não podem esquecer também de comunicar e enviar autorizações à escola quando outra pessoa for buscar seu filho, e devem trocar números de telefone para facilitar o contato em qualquer eventualidade”, explica Marconi.

Como proceder com o uso de cinto e cadeirinhas?

“No meu carro, sem cinto ninguém anda”, diz o mecânico João Audi de Campos, pai de duas crianças de 12 e 13 anos de idade que estudam no Colégio Franscarmo, em São Paulo. Ele não faz rodízio com outros pais, mas dá carona para os amigos de seus filhos que são seus vizinhos. “São crianças que costumavam ir para a escola com transporte público e eu me ofereço para dar carona”, conta ele. “Mas a regra que tenho e não abro mão é a do uso do cinto de segurança no banco de trás”, explica Campos.

Para crianças da idade dos filhos de Campos, o cinto de segurança é o equipamento de segurança mais adequado. Mas quem transporta crianças menores deve saber que precisa ter no carro cadeirinhas ou assentos de elevação. “É preciso que o veículo seja equipado com os dispositivos de segurança adequados para cada faixa etária”, diz Alessandra Françóia, coordenadora nacional da ONG Criança Segura.

Crianças até 4 anos ou com peso de até 18 quilos precisam viajar na cadeirinha. Aquelas que têm entre 4 e 10 anos ou peso entre 15 e 33 kg precisam usar assento de elevação para que o cinto de segurança fique na altura ideal do corpo. Acima dessa idade, o cinto de segurança basta, mas deve ser usado por todos que estão no carro, sejam adultos ou crianças, no banco da frente ou no de trás.

Como deve ser meu comportamento durante o trajeto?

Não só as crianças precisam se comportar bem durante o trajeto entre a casa e a escola. Os adultos também. Tanto para garantir a segurança de todos como para dar o bom exemplo. “É importante que os adultos percebam que naquele momento eles estão servindo de modelo para as crianças. Se ele não usa cinto de segurança, como pode exigir que as crianças usem? Se ele comete uma infração no trânsito, além de correr o risco de provocar um acidente ou tomar uma multa, perde uma grande oportunidade de dar às crianças uma lição de cidadania”, diz Alessandra Françóia, coordenadora nacional da ONG Criança Segura.

Posso falar ao celular ou fumar enquanto dirijo?

A regra é clara: ao dirigir é necessário estar com as duas mãos no volante. Portanto, nada de falar ao celular ou fumar enquanto estiver dirigindo – ainda mais por se tratar de um ambiente fechado, junto às crianças. “Na nossa visão, não é adequado nem falar ao celular usando fones e microfones externos, porque o ato de conversar distrai o motorista. Nossa recomendação é parar o veiculo se precisar falar ao celular”, diz Alessandra Françóia, coordenadora nacional da ONG Criança Segura.

Como proceder na hora de sair e de entrar no carro?

Segundo Alessandra Françóia, coordenadora nacional da ONG Criança Segura, os adultos devem orientar as crianças a entrar no carro e a sair dele sempre pelo lado da calçada. “Eles também devem estacionar o carro e acompanha-las até dentro da escola, caso não haja monitores ou outros adultos que possam fazer essa tarefa”, afirma Alessandra.

Outro ponto importante a observar é a segurança do lugar escolhido para o estacionamento. “As escolas devem oferecer um lugar seguro e apropriado para o estacionamento dos carros, para evitar que precisemos parar em lugares distantes ou desertos”, diz Lúcia Fátima de Souza, dona de casa que transporta a filha de 12 anos, uma sobrinha de 14 anos e dá carona para colegas das crianças que estudam em uma escola na zona leste de São Paulo.

Fonte do texto e da foto: Educar para Crescer